Representatividade feminina: o legado do projeto “Meninas na Ciência”

Projeto realizado em São Miguel Paulista impulsiona o crescimento de meninas desde cedo nas áreas científicas e tecnológicas

Por Isabella Zanelli, Lara Cáfaro e Gabriela Duarte

[Foto: Arquivo pessoal/Júlia Isabelly]
[Foto: Arquivo pessoal/Júlia Isabelly]

Em resposta ao desafio de ampliar a representatividade feminina em áreas historicamente dominadas por homens, foi criado em 2020 o projeto Meninas na Ciência, no Instituto Federal de São Paulo – campus São Miguel Paulista. A iniciativa é dedicada a promover a participação e aproximação de jovens meninas em áreas científicas e tecnológicas desde o ensino médio. Essas trocas de experiências ocorrem através de um clube feminino organizado e nutrido por elas mesmas, Júlia Isabelly, bolsista do projeto há quatro anos, destaca: “Queremos criar um ambiente confortável para falar de ciência sem medo. É gratificante apresentar o projeto e ver os olhos das meninas brilharem”.

Um dos aspectos centrais do projeto é o desenvolvimento do pensamento crítico, que através de pesquisas científicas, oficinas e ações de extensão, impulsionam a capacitação das participantes, as preparando para o futuro acadêmico, profissional e pessoal. As Meninas na Ciência buscam quebrar estereótipos de gênero na ciência ao desmistificar preconceitos que as afastam da área desde cedo, além de criar um ambiente feminino colaborativo de inovação e tecnologia.

A equipe “Meninas na Ciência” realiza oficinas em diversos locais com o intuito de promover conhecimentos tecnológicos para jovens de todas as idades [Foto: Arquivo pessoal/Júlia Isabelly]
A equipe “Meninas na Ciência” realiza oficinas em diversos locais com o intuito de promover conhecimentos tecnológicos para jovens de todas as idades [Foto: Arquivo pessoal/Júlia Isabelly]

A equipe tem utilizado as redes sociais para ampliar seu alcance e compartilhar publicações sobre artigos científicos e projetos de tecnologia. O principal objetivo é ensinar ciência de forma acessível, por meio de postagens e vídeos semanais.

“Através de nossas redes sociais, ensinamos ciência para todos de forma didática”, afirma Júlia, uma das integrantes do grupo.

A representatividade feminina é um dos pilares fundamentais da equipe. Evidenciar mulheres em diversas áreas da tecnologia é crucial para inspirar novas gerações. “Queremos que mais meninas se juntem a grupos como o nosso e se vejam em espaços que antes eram considerados exclusivamente masculinos”, destaca Sofia, estudante e membro da equipe.

Com essa iniciativa, as bolsistas não apenas promovem o conhecimento científico, mas também buscam fomentar um ambiente mais inclusivo e diversificado no campo da tecnologia.

Embora a ação traga valorização e força acadêmica em uma região periférica, ainda assim o projeto enfrenta problemas para continuar existindo desde a sua criação. Júlia diz ter recebido sua bolsa de extensão no valor de R$200,00 mensais para desenvolver, em conjunto com outras bolsistas e voluntárias diversas ações, o que segundo ela, seria um valor inadequado diante da importância e tempo gasto no preparo de atividades. Mesmo com as dificuldades, através do auxílio dos professores do campus, em especial o da professora e orientadora Suzy Kurokawa, elas conseguem expandir as ações em eventos e congressos, o que proporcionou o recebimento de premiações no MOCCIF (Mostra Científica e Cultural do IFSP) em categorias como “Mulheres na Ciência” e “Melhor Projeto”, por meio de votação popular.

Apresentação no evento CONEMAC, congresso focado em ações de valorização dos direitos humanos, da diversidade, do trabalho, da sustentabilidade, do meio ambiente, da ciência, da tecnologia, da arte e da cultura. [Foto: Arquivo pessoal/Júlia Isabelly]
Apresentação no evento CONEMAC, congresso focado em ações de valorização dos direitos humanos, da diversidade, do trabalho, da sustentabilidade, do meio ambiente, da ciência, da tecnologia, da arte e da cultura. [Foto: Arquivo pessoal/Júlia Isabelly]

As mudanças geradas na experiência dessas jovens com o âmbito acadêmico e científico são animadoras. Sofia Amorim, relata: “Ciência não precisa ser aquela coisa chata e monótona, mas algo simples e que pode ser feito em casa”, algo que evidencia a capacidade de dar voz e autonomia em uma região geográfica pouco valorizada.