Representatividade feminina: o legado do projeto “Meninas na Ciência”
Projeto realizado em São Miguel Paulista impulsiona o crescimento de meninas desde cedo nas áreas científicas e tecnológicas
Por Isabella Zanelli, Lara Cáfaro e Gabriela Duarte
![[Foto: Arquivo pessoal/Júlia Isabelly]](https://centralperiferica.eca.usp.br/wp-content/uploads/2024/10/Meninas-na-Ciencia-Imagem-1-1024x768.jpg)
Em resposta ao desafio de ampliar a representatividade feminina em áreas historicamente dominadas por homens, foi criado em 2020 o projeto Meninas na Ciência, no Instituto Federal de São Paulo – campus São Miguel Paulista. A iniciativa é dedicada a promover a participação e aproximação de jovens meninas em áreas científicas e tecnológicas desde o ensino médio. Essas trocas de experiências ocorrem através de um clube feminino organizado e nutrido por elas mesmas, Júlia Isabelly, bolsista do projeto há quatro anos, destaca: “Queremos criar um ambiente confortável para falar de ciência sem medo. É gratificante apresentar o projeto e ver os olhos das meninas brilharem”.
Um dos aspectos centrais do projeto é o desenvolvimento do pensamento crítico, que através de pesquisas científicas, oficinas e ações de extensão, impulsionam a capacitação das participantes, as preparando para o futuro acadêmico, profissional e pessoal. As Meninas na Ciência buscam quebrar estereótipos de gênero na ciência ao desmistificar preconceitos que as afastam da área desde cedo, além de criar um ambiente feminino colaborativo de inovação e tecnologia.
![A equipe “Meninas na Ciência” realiza oficinas em diversos locais com o intuito de promover conhecimentos tecnológicos para jovens de todas as idades [Foto: Arquivo pessoal/Júlia Isabelly]](https://centralperiferica.eca.usp.br/wp-content/uploads/2024/10/unnameds.jpg)
A equipe tem utilizado as redes sociais para ampliar seu alcance e compartilhar publicações sobre artigos científicos e projetos de tecnologia. O principal objetivo é ensinar ciência de forma acessível, por meio de postagens e vídeos semanais.
“Através de nossas redes sociais, ensinamos ciência para todos de forma didática”, afirma Júlia, uma das integrantes do grupo.
A representatividade feminina é um dos pilares fundamentais da equipe. Evidenciar mulheres em diversas áreas da tecnologia é crucial para inspirar novas gerações. “Queremos que mais meninas se juntem a grupos como o nosso e se vejam em espaços que antes eram considerados exclusivamente masculinos”, destaca Sofia, estudante e membro da equipe.
Com essa iniciativa, as bolsistas não apenas promovem o conhecimento científico, mas também buscam fomentar um ambiente mais inclusivo e diversificado no campo da tecnologia.
Embora a ação traga valorização e força acadêmica em uma região periférica, ainda assim o projeto enfrenta problemas para continuar existindo desde a sua criação. Júlia diz ter recebido sua bolsa de extensão no valor de R$200,00 mensais para desenvolver, em conjunto com outras bolsistas e voluntárias diversas ações, o que segundo ela, seria um valor inadequado diante da importância e tempo gasto no preparo de atividades. Mesmo com as dificuldades, através do auxílio dos professores do campus, em especial o da professora e orientadora Suzy Kurokawa, elas conseguem expandir as ações em eventos e congressos, o que proporcionou o recebimento de premiações no MOCCIF (Mostra Científica e Cultural do IFSP) em categorias como “Mulheres na Ciência” e “Melhor Projeto”, por meio de votação popular.
![Apresentação no evento CONEMAC, congresso focado em ações de valorização dos direitos humanos, da diversidade, do trabalho, da sustentabilidade, do meio ambiente, da ciência, da tecnologia, da arte e da cultura. [Foto: Arquivo pessoal/Júlia Isabelly]](https://centralperiferica.eca.usp.br/wp-content/uploads/2024/10/Meninas-na-Ciencia-Imagem-2-576x1024.jpeg)
As mudanças geradas na experiência dessas jovens com o âmbito acadêmico e científico são animadoras. Sofia Amorim, relata: “Ciência não precisa ser aquela coisa chata e monótona, mas algo simples e que pode ser feito em casa”, algo que evidencia a capacidade de dar voz e autonomia em uma região geográfica pouco valorizada.