Qual a função dos Agentes Comunitários de Saúde?

 

Conheça o trabalho invisível dos agentes do Sistema Único de Saúde (SUS)

 

Por Andrey Furmankiewicz, Giovanne Cury e Luiz Dias

 

Agente de Saúde atendendo paciente acamado. [Imagem: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília]
Agente de Saúde atendendo paciente acamado. [Imagem: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília]

 

Os profissionais conhecidos como Agentes Comunitários de Saúde (ACS) entraram em atividade a partir de março de 1991, com a instauração do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo integrados ao Programa de Saúde da Família (PSF) em 1994. Contudo, a população em geral realmente compreende a atuação e a importância desses profissionais?

 

Segundo Ana Lúcia, profissional atuante como agente de saúde há oito anos na região periférica da Zona Sul de São Paulo, “a principal função dos agentes de saúde é a saúde preventiva dos pacientes, principalmente através do monitoramento do estado de saúde das famílias e como canais de comunicação entre as pessoas e a UBS”.

 

A principal atividade dos ACS são as visitas domiciliares, realizadas mensalmente pelos agentes, e elas têm como função o diálogo entre o morador e o médico sobre o estado de saúde do paciente e de seus familiares, seja ele físico, social ou mental. Os dados coletados, chamados de Família, são reunidos no cadastro daquele núcleo familiar, e posteriormente, são arquivados pela equipe para monitoramento clínico de cada família.

 

Uma equipe é composta geralmente de seis a oito agentes de saúde, duas técnicas auxiliares de enfermagem, uma enfermeira que lidera a equipe e um médico responsável, os quais realizam reuniões periódicas a fim de discutir os dados coletados através das visitas domiciliares, com o objetivo de realizar possíveis ações, como o agendamento de consultas.

 

As visitas domiciliares, além da realização de um levantamento de dados, é responsável pelo acompanhamento e manutenção do tratamento de pacientes nos chamados ‘’grupos’’, que são categorias de pacientes que precisam de atenção especial do SUS, sendo alguns desses grupos de risco: pacientes com tuberculose, hanseníase, diabéticos, hipertensos, idosos acamados, mulheres grávidas, crianças recém-nascidas, dentre outros. Pacientes que possuem um maior número de visitas domiciliares pessoais ou dos médicos e enfermeiras da equipe.

 

A integração do ACS à comunidade de atuação é imprescindível na realização da função, sendo que, um dos critérios de contratação é o potencial agente ser residente de sua área de atuação, sendo um critério adotado para que o agente já possua laços culturais e de amizade com a comunidade com a qual ele entrará em contato.

 

“A função do ACS não é só técnica, é também social”, afirma a Ana. “É lembrar a senhora que mora na esquina de tomar a insulina no horário, lembrar os pais de levar seus filhos para vacinar na hora certa, é ouvir a reclamação do paciente com algum sintoma e mandar ele para o consultório do doutor, antes que ele tenha alguma complicação,” completa.

 

Segundo os relatórios mais recentes da Associação de Saúde da Família (ASF), empresa responsável pelo PSF, apenas no município de São Paulo, estes médicos atendem cerca de 2,14 milhões de pessoas, cerca de 17,9% por cento da população da cidade.