Outubro Rosa: Exame Sobre Rodas

“Mulheres de peito” promove o acesso à mamografia e o maior rastreamento dos casos de câncer de mama em diferentes regiões do estado de São Paulo

Por Henrique Giacomin

[Divulgação/Mulheres de peito]
[Divulgação/Mulheres de peito]

“[O câncer de mama] é o primeiro câncer que a gente tem incidência na população feminina, é o câncer que mais mata mulheres na maior parte das regiões do Brasil e que mais mata mulheres no mundo por câncer. No caso, a mamografia é o único exame que comprovadamente reduz a morte por câncer de mama.

Daniele Duarte, Médica Mastologista e professora na UNINOVE

 

É chegado o Outubro Rosa, e com ele uma enxurrada de informações e campanhas sobre a conscientização do câncer de mama e a importância da realização da mamografia. Em São Paulo, iniciativas privadas e públicas buscam democratizar o acesso a exames como a mamografia ou o papanicolau. Uma dessas iniciativas, é o programa “Mulheres de Peito”, que entre diversas ações, busca levar consultórios móveis a diferentes regiões do estado.

As carretas da mamografia

Criado em 2014, o programa conta com carretas que percorrem a região metropolitana e o interior do estado durante todo o ano, alternando de tempos em tempos entre diferentes localidades. Os veículos são equipados com mamógrafo (equipamento utilizado para realizar a mamografia), aparelho de ultrassom, conversor de imagens analógicas em digitais, impressoras, antenas de satélite, computadores, mobiliários e sanitários.

Até agora no mês de outubro, o aplicativo do Poupatempo indicou cinco localidades diferentes para o funcionamento das carretas; três desses locais estão no litoral do estado, um no interior e outro no centro da capital:

[Imagem: Reprodução/Aplicativo Poupatempo SP]
[Imagem: Reprodução/Aplicativo Poupatempo SP]
[Imagem: Reprodução/Aplicativo Poupatempo SP]
[Imagem: Reprodução/Aplicativo Poupatempo SP]
[Imagem: Reprodução/Aplicativo Poupatempo SP]
[Imagem: Reprodução/Aplicativo Poupatempo SP]
[Imagem: Reprodução/Aplicativo Poupatempo SP]
[Imagem: Reprodução/Aplicativo Poupatempo SP]

Vale ressaltar que outros postos de atendimento também realizam o exame. No estado de São Paulo, agendamentos sem a necessidade de pedido médico podem ser realizados por meio do call center da Secretaria, pelo número 0800-779-0000. O serviço telefônico fica disponível de segunda à sexta das 8h às 17h.

Por quem foi

Adriana Cristina, realizou o atendimento em julho deste ano, quando um dos consultórios móveis estava na cidade de Bertioga, no litoral de São Paulo. A secretária diz que ficou sabendo da presença da carreta por meio de um grupo de whatsapp com algumas amigas da igreja. “Conversando com a minha manicure ela me disse que tinha realizado o exame pela carreta, que foi rápido e que as imagens saíram na hora; aí eu me interessei”.

Receosa com a fila na carreta, ela chegou por volta das 7h horas para aguardar o atendimento que começaria às 8h. Adriana diz que acabou sendo a primeira a chegar, e que os horários foram respeitados: “Foram chegando os profissionais, o horário foi obedecido e 8h começou o atendimento. Fui muito bem atendida, o processo foi rápido e o ambiente interno da carreta muito bem organizado, parecia um escritório…”

A menopausa é um dos fatores que estão associados ao aumento do risco de desenvolvimento da doença. Na foto, podemos observar parte do interior de um dos consultórios móveis. [Imagem: Divulgação/Governo de SP]
A menopausa é um dos fatores que estão associados ao aumento do risco de desenvolvimento da doença. [Imagem: Divulgação/Governo de SP]
A menopausa é um dos fatores que estão associados ao aumento do risco de desenvolvimento da doença. Na foto, podemos observar parte do interior de um dos consultórios móveis. [Imagem: Divulgação/Governo de SP]
Na foto, podemos observar parte do interior de um dos consultórios móveis. [Imagem: Divulgação/Governo de SP]

“De todas as vezes que eu realizei o exame foi a minha melhor experiência, não foi dolorido, foi rápido e eu não precisei realizar o exame novamente. As imagens saíram no mesmo dia e eu recebi um código que me permitiu pegar o laudo cinco dias depois pela internet”

Adriana Cristina

[Imagem: Reprodução/Instagram/@adanieleduarte]
[Imagem: Reprodução/Instagram/@adanieleduarte]

Por quem faz

Daniele Duarte, médica formada pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e especialista em ginecologia e obstetrícia e mastologia pelo HC (Hospital das Clínicas), ressalta a importância da realização da mamografia, além das vantagens em se obter um diagnóstico precoce. “Diagnosticar precocemente é um dos principais marcadores de sobrevivência. Ele é um dos poucos cânceres [o de mama] que a gente tem um exame capaz de diagnosticar de uma maneira precoce”. Daniele também diz que a mamografia é insubstituível; segundo a médica, no autoexame, uma pessoa consegue identificar nódulos a partir de 2,5 centímetros, o que muitas vezes já é um tumor avançado.

[Imagem:Reprodução/Instagram/@adanieleduarte]
[Imagem:Reprodução/Instagram/@adanieleduarte]

A médica mastologista ainda diz que 1 em cada 8 mulheres terão câncer de mama até os 85 anos, e que o câncer é uma epidemia que cada vez cresce mais no mundo. A expectativa é que os casos de câncer de mama aumentem em 100% até 2050, ou seja, dobrem. O principal motivo para tal é o envelhecimento populacional, mas outras questões como o sedentarismo, má alimentação, uso prolongado de anticoncepcionais e decisões como não gestar ou não amamentar aumentam o risco de se desenvolver o câncer de mama.

Daniele também destaca a importância do exercício físico na prevenção do câncer, e diz que embora não seja possível controlar todos os fatores que aumentam os riscos de se desenvolver a doença, a prática esportiva reduz os riscos do câncer de mama em até 20% em mulheres que ainda menstruam e 16% após a menopausa.

Desafios que doem no peito

Dentre os desafios que nos cercam para um futuro com menos mortes por câncer de mama, se destaca a falta de cobertura nas diferentes regiões do país; São Paulo apresenta a melhor cobertura de rastreamento de câncer de mama entre os estados, mas ainda fica abaixo das metas do Ministério da Saúde e do INCA (Instituto Nacional de Câncer) de cobertura do no mínimo 70% das mulheres na faixa dos 50 aos 69 anos.

Um dos principais problemas é a falta de mamógrafos nas diferentes regiões do Brasil, devido a isso que projetos como os das carretas móveis se provam úteis a nível nacional. Um dos outros desafios enfrentados, é muitas vezes conseguir dar continuidade ao tratamento após alterações na mamografia. Embora em alguns lugares haja a facilidade para realizá-la, outros exames como a biópsia (necessária após alterações na mamografia) ou o acesso ao tratamento que combate o câncer muitas vezes não têm a mesma facilidade de acesso.

Para o presente, o melhor remédio é a prevenção, se cuide!