Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra a escala 6×1

Convocada pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), a manifestação foi pacífica e contou com a presença de Boulos e Érika Hilton

Por Guilherme Bianchi e Isabela Nahas

[Imagem: Isabela Nahas/ Central Periférica]
[Imagem: Isabela Nahas/Central Periférica]

Na manhã de sexta-feira (15), manifestantes se reuniram na Avenida Paulista pelo fim da escala 6×1, em que se trabalha 6 dias na semana com 1 dia de descanso. A passeata foi pacífica e contou com centenas de pessoas. Protestos com a mesma reivindicação aconteceram em pelo menos 10 capitais do Brasil, organizados pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT).

O VAT teve origem nas redes sociais no final de 2023. O ex-balconista de farmácia Rick Azevedo publicou um vídeo no TikTok desabafando sobre seu trabalho e viralizou. Hoje, ele é líder do movimento e foi eleito vereador no Rio de Janeiro na última eleição. O assunto chegou à Câmara dos Deputados com uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), apresentada pela deputada Érika Hilton (PSOL-SP), que compareceu à manifestação em São Paulo.

O ex-candidato às eleições de São Paulo, Guilherme Boulos, e a deputada Érika Hilton discursaram na manifestação [Imagens: Isabela Nahas/Central Periférica]
O ex-candidato às eleições de São Paulo, Guilherme Boulos, e a deputada Érika Hilton discursaram na manifestação [Imagens: Isabela Nahas/Central Periférica]

Para começar a ser discutida dentro do Governo, uma PEC precisa ter pelo menos 170 assinaturas. A proposta pelo fim da escala 6×1 já obteve mais de 250, tanto de parlamentares de esquerda quanto de direita. “É tudo muito recente, começamos esse debate agora. Nós não imaginávamos que [o movimento] tomaria a proporção que tomou de maneira tão rápida, mas estamos muito felizes”, disse Erika Hilton em entrevista ao Central Periférica.

Coordenadora do movimento VAT em São Paulo, Priscila Araújo liderou o ato no estado e provocou a direita e a esquerda do país. “O movimento VAT é um movimento pela família”, alfinetou Priscila. A coordenadora ainda criticou a por ela chamada “esquerda nutella”: “Quando vocês vão deixar Lênin e Karl Marx de lado e vir para a rua?”.

Presente no ato, Márcio Pereira, professor aposentado, ressaltou a importância da manifestação para a classe trabalhadora como um todo, que “sente na pele a necessidade do lazer, tempo e descanso”. Para ele, a pauta foge da determinação entre esquerda e direita e é “necessária para o trabalhador em geral”.

Márcio Pereira com sua placa, que disse já ter levado em várias outras passeatas [Imagem: Isabela Nahas/ Central Periférica]
Márcio Pereira com sua placa, que disse já ter levado em várias outras passeatas [Imagem: Isabela Nahas/ Central Periférica]

Discursos de empresários contrapõem a viabilização da PEC nos últimos dias. Entidades do comércio e da indústria declararam na última terça-feira (12) rejeitadas à proposta, alegando que o lado do empregador deveria ser considerado.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) também compareceu à capital paulista. Em seu discurso, ele comentou sobre a necessidade de compensações financeiras aos microempresários, que são donos de pequenos negócios e serão os mais prejudicados caso a escala 6×1 seja proibida. 

Questionado sobre o contexto político do Brasil, Boulos disse, em entrevista, que “em um momento em que há um avanço ideológico de extrema direita no país e no mundo, a gente consegue criar uma mobilização de rua e nas redes sociais para uma pauta tão importante para os trabalhadores como essa é algo que dá um alento”.

Assista a cobertura da manifestação feita pelo Central Periférica: