Liderança de motoboys defende regulamentação do mototáxi

Junior de Freitas defende que o serviço seja regulamentado antes de ser autorizado na cidade de São Paulo

Por Heitor Andrade, Laura Roson e Maria Luísa Lima

Junior de Freitas, um dos criadores da Aliança Nacional dos Entregadores de Aplicativos (Anea) – Foto: Reprodução/Instagram/Junior Freitas

A intensa disputa judicial acerca da liberação do serviço de mototáxi acarretou acalorada discussão no que diz respeito à forma com que a regulamentação será construída. Prefeitura e empresas de transporte engajam em uma verdadeira guerra de interesses que revela quem são as vozes dominantes desse debate.

Esquecidos nessa batalha, estão os trabalhadores que atuam com motocicletas, que veem na liberação do serviço de mototáxi uma opção para diminuir a dependência das empresas de entregas por aplicativos, que abertamente exploram a classe e sub-remuneram seus entregadores. 

Em entrevista concedida aos repórteres da Central Periférica, Junior Freitas, um dos fundadores da Aliança Nacional dos Entregadores de Aplicativos (Anea) e liderança no Breque que exigiu melhores condições de trabalho, traz o ponto fundamental dos trabalhadores de aplicativos de entrega: “A proibição impacta muito nos entregadores de aplicativo de delivery, por exemplo, porque se você tem uma modalidade a mais que pode funcionar aqui na nossa cidade, o que que acontece? Algumas pessoas vão optar por fazer essa modalidade do moto táxi deixando de atuar no delivery”. Ele acrescenta que “a falta de mão de obra obriga o delivery a aumentar o preço porque isso é a livre concorrência que a gente conhece hoje, né? O mercado tem que ser assim.

O setor dos trabalhadores de mototáxi, que no final do ano passado se mobilizou contra a proibição do serviço pelo governo federal, agora luta para que o serviço seja regulamentado e as empresas de transporte sejam responsabilizadas. 

Sobre a argumentação de alta no índice de acidentes, Junior tem uma forte opinião: “O maior problema que o prefeito tem é com o índice de mortalidade. Essas mortes que vêm acontecendo na cidade de São Paulo são de entregadores de empresas de aplicativos de delivery, como Ifood e Rappi. São essas empresas as responsáveis pelo alto índice de acidentes, pois já atuam sem nenhuma regulamentação. A pergunta que eu deixo no ar é: Qual é a solução que o prefeito vem trazendo para esse problema?”.

Para além da classe de motociclistas que utiliza o instrumento como fonte de renda, destaca-se ainda a importância da modalidade como uma alternativa viável ao transporte público, muitas vezes ineficiente e mais demorado que o mototáxi. Os preços mais acessíveis em comparação com o transporte por aplicativo via carro motivam a escolha, o que explica o desejo da população geral em liberar o serviço.

Porém, a ressalva trazida pelo militante é a necessidade da regulamentação ser realizada de forma correta, ou seja, com estudo dos riscos e a plena garantia dos direitos dos trabalhadores e da devida infraestrutura necessária para a implantação dessa modalidade.