Instituições oferecem serviços de atendimento psicossocial infanto-juvenil
O Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) Saci e o Projeto Quixote, na zona sul de São Paulo, se destacam neste serviço
Por Ana Vitoria Barbosa, Estêvão Soledade e Joca Sanches

Acolhimento é a palavra usada na recepção dos pacientes que buscam atendimento psicossocial, mas também expressa a preocupação dos profissionais da saúde na busca de tratamentos mais humanizados. Ao invés de salas de espera e consultórios estéreis, em dois dos serviços de atendimento psicossocial em São Paulo, o CAPS Saci, na Cidade Dutra, e o Projeto Quixote, na Vila Mariana, o que se destaca é o esforço para a criação de espaços de convivência que transmitam conforto, segurança e acolhimento.
Além dos itens básicos que qualquer unidade de saúde precisa ter, o CAPS III Cidade Dutra Saci também conta com uma equipe diversa de funcionários para realizar várias atividades no local, como grupos terapêuticos, esportes, artes, entre outros. Depois do acolhimento inicial a pessoa assistida sai com um agendamento para o PTS (Projeto Terapêutico Singular).
Karine Santin, enfermeira responsável técnica, diz que o cuidado é individualizado, porque é importante considerar todo contexto social do acolhido. A profissional também ressalta que não é apenas um atendimento medicamentoso ou ambulatorial. “Em relação ao tratamento, os médicos não ficam apenas na consulta e participam das outras ações que acontecem no CAPS, o cuidado é horizontal.”
Segundo Karine, para os jovens sem residência física, o tratamento se torna ainda mais complexo porque esses pacientes perderam os vínculos sociais, assim como o sentimento de pertencimento aos espaços que frequentam.
Rodrigo Gomes, gerente do serviço de saúde e psicólogo de formação, destaca que, na questão do uso de substâncias, a mentalidade no tratamento é a redução de danos. “É importante ver esses usuários primeiro como pessoas, para muitos, o uso de substâncias não é o principal foco para esses adolescentes e sim outras questões na vida deles”, diz o gerente.

Com abordagens parecidas, o Projeto Quixote, criado há 29 anos, foi pensado para jovens e famílias em situação de vulnerabilidade. Atualmente, é constituído por três programas principais: o CAPS, SPVV (Serviço de Proteção à Criança e Adolescente Vítimas de Violência) e o Centro de Convivência Intergeracional (CCInter).
Apesar das divisões burocráticas, os serviços da organização são ofertados de forma integrada. Natália Martins, terapeuta ocupacional, informa que após serem recebidos, os pacientes são observados pelo tempo necessário para a criação de um plano de tratamento baseado nas necessidades específicas dos acolhidos, o que inclui atividades e consultas direcionadas para suas demandas pessoais.

Auro Lescher, médico psiquiatra e um dos fundadores da organização, conduz uma das atividades do local que ele descreve como o cerne do que representa a iniciativa Projeto Quixote. É um grupo terapêutico que acontece semanalmente, nomeado Ateliê Psi, uma roda de conversa onde são propostas questões que fomentam a reflexão. Dentre os participantes da dinâmica, estão os assistidos pela organização, seus familiares e visitantes.
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