Extremos climáticos expõem falta de infraestrutura em escolas

 Fontes relatam os efeitos causados em alunos e professores em escolas sem climatização adequada

Por Amanda Yoshizaki e Eduarda Silva

Medição de temperatura em sala de aula sem climatização – Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

De acordo com dados do Censo Escolar 2023, 34% das salas de aula das escolas públicas do país são climatizadas, e São Paulo caracteriza-se como a pior rede escolar em climatização, tendo apenas 2,7% das escolas públicas estaduais e 12,18% das municipais climatizadas. 

A aluna da Escola Estadual João Dias da Silveira, Miriam Raquel Tenório, conta que nem mesmo os ventiladores dão conta de refrescar a sala inteira, o que gera desconforto térmico nas épocas de calor. “Na sala de aula, têm dois ventiladores, mas eles são fracos, ventilam poucas partes da sala por estarem na mesma parede um do lado do outro e quebram com frequência”

A estudante também menciona a recorrente falta de água na unidade escolar: “Com planejamento escolar, a situação pode melhorar, a escola incentivaria os alunos a arrecadarem fundos através de vendas de produtos, ou ações semelhantes, para possibilitar a compra de ar condicionado”, afirma. 

Não são apenas os alunos que são afetados por tal problema, os professores também são prejudicados, tanto pelas condições climáticas e falta de infraestrutura quanto pela situação que os alunos se encontram nos dias de muito calor. Segundo o professor da rede estadual Leandro Neves Yoshizaki, é possível notar o quanto os alunos são prejudicados pela falta de infraestrutura, gerando um certo mal-estar e uma perda da concentração e rendimento. 

Em entrevista ao Central Periférica, o médico de emergência Lourenço Vieira destaca sintomas vistos no ser humano quando submetido a altas temperaturas no ambiente escolar: “Temperaturas do ambiente fechado acima de 26 °C, e especialmente acima de 31 °C, podem prejudicar a concentração do aluno, inicialmente em forma de mal-estar, sudorese, cefaleia, mas que, a depender da temperatura, podem gerar sintomas que podem passar por oscilações da pressão arterial, turvação, vermelhidão na pele, intermação, exaustão, cansaço, desmaio, tontura, confusão mental, cãibras e taquipneia”.

O médico ressalta, ainda, que tanto a OMS quanto a ANVISA definem valores de temperatura ideal em ambientes coletivos em torno de 23 a 26 °C. Diante deste cenário, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou, no dia 10 de março, a manifestação da Prefeitura de São Paulo e do governo estadual sobre a viabilidade de instalar ar condicionado ou climatizador nas salas de aula da rede pública.

Em resposta, o governo do estado garantiu seu compromisso com um projeto de climatização das escolas estaduais, que visa melhorar as condições de ensino e proporcionar ambientes mais confortáveis para alunos e professores. Tal iniciativa alcançou 851 escolas e pretende atingir mais mil escolas até o início de 2026 e 60% das unidades da rede até o início do ano letivo de 2027.