Em greve, universidades e institutos federais pelo país reivindicam melhorias
Funcionários, docentes e alunos lutam por reajustes salariais, recomposição do orçamento e reestruturação de carreiras
27/05/2024
Gabriel Alegreti e João Vilasbôas

[Imagem: Gabriel Alegreti/Arquivo pessoal]
Em 11 de março, técnicos-administrativos de algumas universidades federais iniciaram a greve que um mês depois, em 15 de abril, ganhou a adesão dos professores. O movimento pede ajustes salariais, reestruturação das carreiras e a recomposição do orçamento federal para educação. Até o último dia 19, haviam aderido à greve técnicos administrativos de 66 instituições, e dessas cerca de 53 universidades e institutos federais de todo o país contam com a adesão de docentes.
Uma proposta elaborada pelo Ministério da Inovação e Gestão em Serviços Públicos (MGI) enviada ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) e organizações sindicais ligadas à greve sugere um reajuste máximo de 31,2%, para aqueles que ganham menos. Os que ganham mais terão um reajuste mínimo de 13,3%.
Contudo, esse aumento não aconteceria neste ano, a proposta seria cumprida até o final do governo Lula. Anteriormente, no dia 19 de abril, o governo federal pautou um reajuste de 9,5% no salário para 2025 e mais um de 3,5% para maio de 2026. O Governo Federal estipulou que uma resposta à proposição deve ser feita até 27 de maio.
Conforme o MGI aponta, o aumento percentual passa para 23% a 43%, quando considerado o reajuste linear de 9% pago pelo Governo Federal a todos os servidores em 2023. Porém, o reajuste salarial dos servidores das universidades ainda em 2024, uma das principais reivindicações dos grevistas, não está contemplado na proposta e dificulta as negociações.
Segundo o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, em entrevista à GloboNews, “O Orçamento de 2024 está feito, ele só contempla um espaço para reajuste de benefícios. Então, para o exercício de 2024, tenho dificuldade de vislumbrar como seria possível atender. Isso não é em relação a uma carreira ou outra. Para 2024, o orçamento já existe e existe o limite de despesas.”
Outra face da greve: estudantes e permanência estudantil
Em entrevista ao Central Periférica, Mariana Santos, membro do Centro Acadêmico de Geografia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) fala sobre a greve no campus em que estuda, a Unifesp Zona Leste: Instituto das Cidades.
O campus está ativo desde 2018, mas até o momento, não foram construídas instalações básicas como salas de aula, restaurante universitário, conjunto esportivo e moradia estudantil. O caso desta unidade contém muitas particularidades, além de sediar apenas o curso de Geografia, os alunos têm aulas em um prédio que antigamente era o espaço administrativo da fábrica que ocupava o terreno. Apesar das diferenças, uma pauta comum que une a Unifesp Zona Leste com as demais universidades federais é a permanência estudantil.
Mariana explica a importância da luta dos professores e dos técnicos da Unifesp para a valorização da educação, mas ressalta que alunos e funcionários são categorias diferentes e que os estudantes têm uma vulnerabilidade muito maior. Por último, ela comenta que as reivindicações do orçamento das universidades e do movimento estudantil não estão ganhando o devido destaque na greve impulsionada pelos servidores e que essas pautas também deveriam ganhar mais espaço.