Como o transporte público funcionou na virada cultural

Problemas de comunicação dificultaram a chegada aos palcos periféricos, relatam passageiros

Por Eduarda Silva e Heloisa Falaschi

Foto: Heloisa Falaschi/Central Periférica

A Virada Cultural, evento gratuito oferecido pela cidade de São Paulo, pôde ser totalmente acessada por meio de transporte público. Entretanto, indagações sobre a qualidade e competência desses transportes, principalmente no trajeto para palcos em regiões periféricas, foram feitas pelos usuários.

Embora a prefeitura tenha reforçado a frota de ônibus em 25% em comparação com outros domingos, totalizando 6.111 veículos em 1.126 linhas, relatos sobre a dificuldade para a chegada aos palcos e as falhas de comunicação foram ouvidos ao longo do trajeto para o evento. 

A Central Periférica foi ao palco Campo Limpo para entender o funcionamento dos transportes e a opinião da população sobre eles.

Trajeto

Para pessoas que residem fora da cidade de São Paulo, um dos possíveis caminhos até o palco Campo Limpo é mostrado no vídeo abaixo:

A partir desse caminho, poucas falhas foram observadas. A única questão problemática foi a não permissão de embarque para a Linha Esmeralda — quando utilizado o sentido Varginha — na estação Osasco, isto é, o trem da Linha 9 não estava chegando até a estação terminal. O ocorrido obrigou os passageiros a seguirem até a estação Presidente Altino para a baldeação.

Quem embarcou no sentido Osasco enfrentou atrasos e demora entre um trem e outro. Em entrevista ao Central Periférica, usuários do transporte relataram que isso não foi um empecilho, pois já estão acostumados com os problemas que a Linha Esmeralda (Via Mobilidade) apresenta.

Já um grupo de passageiras que foi do Capão Redondo ao Palco Campo Limpo através do trajeto da Linha Lilás e do ônibus (807A-10) relatou dificuldades. Segundo elas, houve menor preocupação da organização da Virada com o transporte para bairros periféricos. As entrevistadas destacam que, para o centro, uma linha extra foi adicionada, enquanto em determinados lugares, apenas uma linha de ônibus operava.

As passageiras pontuaram que a concentração de atrações no centro foi maior — fator que está exposto na quantidade de transportes oferecidos. Também comentaram sobre a inacessibilidade dos horários do fim dos shows, principalmente para quem depende dos ônibus.

A experiência de chegar até algum palco periférico mostrou que, mesmo com a possibilidade de usar o transporte público, ainda existem obstáculos no caminho. 

A falta de informações nítidas sobre os percursos, aliada à ausência de orientações nos canais oficiais, deixou muitos se guiando apenas por aplicativos por vezes imprecisos. A passageira Carolina cita que o que a ajudou a achar o caminho dos palcos foram informações de trajeto que a rede Globo divulgou em seus telejornais. Entretanto os caminhos eram expostos de forma pontual, priorizando apenas palcos centrais e artistas mais conhecidos.