A importância do atendimento psicossocial em São Paulo

Três jovens adultos relatam as suas vivências nos Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS)

Por Ana Vitoria Barbosa, Estêvão Soledade e Joca Sanches

Evento realizado no Projeto Quixote – Divulgação/Projeto Quixote

Os Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS) têm se popularizado nas redes sociais, por meio de piadas e memes, reforçando os preconceitos e estigmas envolvidos na preservação da saúde mental. Entretanto, os próprios CAPS são o resultado de uma série de movimentos para a humanização nos tratamentos relacionados a essa área e que culminaram na Reforma Psiquiátrica, promovida pela Lei Federal nº 10.216/2001.

Como um exemplo positivo da existência deste serviço, podemos citar a experiência de Jess Carmo, nutricionista que procurou o CAPS III de Pirituba em 2015, devido a um surto psicótico. Em entrevista ao Central Periférica, Jess relata que o acolhimento recebido pela enfermeira Tamires foi fundamental para adquirir confiança e seguir com o tratamento. Essa funcionária apresentou um projeto terapêutico, envolvendo o atendimento psiquiátrico e práticas como meditação e ioga que Jess mantém até hoje.

JF, estagiária, frequentou o CAPS do município de Guaíra dos 11 aos 17 anos de idade. Ela menciona como a vivência no espaço foi essencial para prepará-la para as dificuldades da vida adulta. Sobre o estigma, diz: “Eu era muito nova, então na minha concepção, não existia esse preconceito gigantesco e essa palhaçada que o pessoal hoje em dia faz, essas piadinhas. Então, era mais como realmente uma parte do SUS do que um lugar para doido, sabe? Não tinha esse preconceito gigantesco”.

Atividade no Projeto Quixote – Divulgação/Projeto Quixote

As duas entrevistadas relatam como a grande espera foi uma das principais dificuldades que passaram. Jess aguardou um período de três meses para o primeiro atendimento com o psiquiatra e JF destaca a dificuldade de conseguir medicamentos psiquiátricos pelo SUS. Para melhores resultados no tratamento, as duas ressaltam a importância de alguém acompanhar nas consultas e o apoio integral da família.

Após o encorajamento de amigos e familiares, Caique Sandim (18) buscou ajuda para lidar com seu quadro de saúde mental. No dia 2 de abril, o jovem teve sua primeira consulta com psiquiatra no CAPS II da cidade de Arujá após três meses de espera e ficou impressionado com a rapidez no atendimento. Na consulta, o terapeuta fez as primeiras orientações e prescrições medicamentosas.

Atividade no Projeto Quixote – Divulgação/Projeto Quixote

Karine Santin, enfermeira do CAPS Saci, na Cidade Dutra, e Natalia Martins, terapeuta do Projeto Quixote, na Vila Mariana, salientam a importância da prospecção de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e que sentem dificuldade em procurar os serviços de apoio psicossocial, também por conta dos preconceitos. Rodrigo Gomes, gerente de serviços do CAPS Saci, lembra que no dia 18 de maio é comemorado o Dia Nacional da Luta Antimanicomial e, anualmente, são realizadas manifestações, para lembrar e defender essa causa.

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