Projeto Quebrada Orgânica democratiza o acesso à alimentação sustentável na periferia
Com mais de quatro toneladas de alimentos produzidos para a comunidade, a ação mostra que alimentação saudável é para todos
Por Isabella Zanelli, Maria Luiza Vieira e Gabriela Duarte
![Parte da horta do projeto Quebrada Orgânica. [Foto: Arquivo pessoal/Joy Izauri]](https://centralperiferica.eca.usp.br/wp-content/uploads/2024/09/Quebrada-organica-foto-3-300x225.jpeg)
No caminho por uma vida mais saudável, comunidades periféricas buscam cada vez mais adotar novas práticas e hábitos alimentares. Através de iniciativas sociais, como o Quebrada Orgânica, esses bairros são fortalecidos com conscientização ambiental, senso comunitário e alimentação digna, o que mostra que a mudança é possível.
Em 2018, no Jardim Ângela, Joy Izauri e seu marido, Robert Placides, iniciaram o projeto Quebrada Orgânica, em um período marcado pela greve dos caminhoneiros que afetou São Paulo e o Brasil. Joy, que trabalhava com coleta de dados sobre agricultores para a prefeitura de São Paulo, percebeu que apenas essa atividade não atendia as necessidades da periferia.
Juntos, o casal passou a comercializar produtos orgânicos por meio de delivery, além de utilizar os alimentos fornecidos pelos agricultores amigos para atender as demandas da comunidade.
![Por meio de um programa de aceleração, o casal foi selecionado e adquiriu um carro para fazer entregas dos produtos. [Foto: Arquivo pessoal/Joy Izauri]](https://centralperiferica.eca.usp.br/wp-content/uploads/2024/09/Quebrada-organica-foto-2-_1_-300x225.jpg)
A ideia de que pessoas residentes em periferias não consomem alimentos orgânicos, segundo Joy, é uma ilusão: “É mito que a galera da quebrada não quer comer orgânico, eles querem, muitos só não tem acesso”. O Quebrada Orgânica, atualmente, demonstra que a possibilidade de uma produção de alimentos com a ausência de químicos existe e pode ser desenvolvida no contexto periférico.
A horta, que antes existia apenas na varanda do casal, agora faz parte de diversas casas da região e propicia a troca de experiências e alimentos entre as pessoas da comunidade. A iniciativa visa promover uma vivência que é pouco popularizada na agitação da vida urbana: o escambo comunitário.
Em contextos onde o acesso é limitado, a troca direta entre a comunidade ajuda a suprir necessidades básicas e a fomentar um senso de solidariedade e cooperação entre os moradores, o que fortalece os laços da comunidade e a torna mais resistente.
“Se cada um plantar um pouquinho e trocar um com o outro,
já movimenta a diversidade alimentar na casa das pessoas”
Joy Izauri, criadora do Quebrada Orgânica
O projeto Quebrada Orgânica desmistifica o conceito de que a alimentação sustentável é inacessível. Com o ensino e cultivo de hortas familiares, é possível democratizar o acesso aos alimentos orgânicos e aproximar a periferia da natureza, além de incrementar a dieta de diversas famílias.
Assim como a população, o meio ambiente também é favorecido pela iniciativa. A agricultura sustentável protege o solo, reduz a emissão de gases contribuintes para o efeito estufa e preserva a biodiversidade.
![“As pessoas urbanas perderam a conexão com a terra num nível que não entendem que a terra precisa ser nutrida assim como a gente”, aponta Joy. [Foto: Arquivo pessoal/Joy Izauri]](https://centralperiferica.eca.usp.br/wp-content/uploads/2024/09/Quebrada-organica-foto-1-300x225.jpeg)